sábado, 28 de junho de 2014

Gratidão

Tem dias que a gente acorda com o coração mole. O meu já estava em estado pastoso, quase liquefeito. Meu marido logo deu o diagnóstico – TPM. Passou longe. Mas valeu a tentativa. Os homens, em geral, costumam atribuir qualquer alteração de humor da mulher a esse coquetel hormonal que somos presenteadas todos os meses. Até os entendo. Deve ser algum instinto de defesa que acabaram desenvolvendo com o tempo. Eles entenderam que em dias assim, melhor mesmo é manter uma distância de segurança. 

Muitos são os motivos que podem amortecer ou nocautear os nossos corações. A chegada inesperada daquele parente tão querido que não víamos há anos ou a partida eterna dele. Quando o grande amor de nossas vidas, finalmente, cria coragem para se declarar ou nos liberta para seguirmos noutro caminho.

O nascimento do nosso primeiro filho ou o dia da sua formatura depois de tantas lutas enfrentadas. O diagnóstico de uma doença letal ou a notícia que essa seria a última sessão de quimioterapia. O dia da resolução de que faríamos aquela tão ousada viagem ao redor do mundo ou, inicialmente,  para dentro de nós mesmos.

Pois bem, voltando ao status quo do meu coração, eis a resposta à questão que não é nenhum mistério. O meu motivo é gratidão.

Gratidão àqueles que nos acolhem dentro do seu coração e não nos deixam mais sair. Gratidão àquela amizade despretensiosa que estende a mão sem esperar nada em troca. Gratidão àqueles que sonham os nossos sonhos e nos ajudam a realizá-los. Gratidão àqueles que nos feriram ou foram traiçoeiros, pois nos ajudaram a aumentar a nossa fé, esperança e perseverança. Hoje somos mais fortes e corajosos graças à ajuda deles. 

Gratidão àqueles que continuaram ao nosso lado mesmo na distância. Que entenderam que a quilometragem não impede dois corações de baterem juntos. Gratidão àqueles que mesmo sem ser família se fizeram família. O sangue do Cordeiro nos uniu.

Como é bom acordar assim. Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações Ef 1.16.

 Jorgeana Jorge

domingo, 22 de junho de 2014

Livrai- nos do mal


A oração dominical ensinada por Jesus em Mateus capítulo 6 é clássica. Não importa se você tem algum tipo de religião ou não, certamente já ouviu falar dela. O Mestre discorre em apenas seis versículos os pontos-chave que devem conter em nossas preces. Ele nos alerta que elas não precisam ser longas ou repetitivas. Embora Ele saiba o que iremos dizer antes mesmo da palavra nos chegar à boca, o Senhor não abre mão de se relacionar com seu povo. O Pai reforçou isso quando batizou seu filho de Emanuel – o Deus conosco.

Essa oração pode ser dividida em dois blocos. O primeiro refere-se à glória devida ao Pai Celeste, e a segunda parte foca nas necessidades inerentes aos seres humanos. Não pretendo me estender em cima de todo o texto, embora o tema seja bem propício para uma proveitosa discussão. Foi no final da oração que meus olhos repousaram mais longamente. Mas livrai-nos do mal. Exatamente aqui.

Nos tempos violentos em que vivemos, elencar o que nos faz mal é tarefa fácil. Tanta coisa nos assola, aterroriza que poderíamos preencher rapidinho, uma folha em branco.

Esse pavor coletivo explica o motivo das fileiras de nossos muros estarem cada dia, mais altas. Cercas elétricas, cachorros bravos, vigias, alarmes, toda essa parafernália tenta nos passar a sensação de segurança que tanto ansiamos.

O bem da verdade é que estamos nos isolando em pequenas ilhas. Às vezes, desconhecemos até o nome de nossos vizinhos! Se ele tiver zapzap, até vai. Mas bater um papinho prosaico na calçada é brincar demais com a sorte. Vai que passa dois moleques numa moto, e com uma arma em punho um grita: É um assalto! Deus nos livre desse mal.

Nossas casas estão se tornando mini-prisões. Somos os encarcerados nesta história. Tudo isso na tentativa de proteger o nosso maior tesouro – nossa família. Quem não aplaudiria uma atitude dessas?

Só que existe um perigo invisível que tem passagem livre para dentro de nossos lares e é até mais letal que o mais perverso assassino que você possa se lembrar -  a nossa natureza.

Ela tem passe garantida para adentrar em todos os cômodos. Entra e sai quando bem entende. A mais atrevida entra sem pedir licença mesmo. Nem quer saber se está sendo inconveniente ou não.

Em resumo, somos perigosíssimos. Carregamos armas que não podem ser detectadas pelos sensores elétricos mais sofisticados. Alguns até se orgulham de terem esse arsenal à mão. Atiradores de elite. Outros, simplesmente, nem se apercebem como sendo exímios exterminadores, no entanto matam do mesmo jeito.

Levamos em nossos coldres, artilharia capaz de prostrar sonhos, destruir amizades, afundar casamentos, ferir almas, mutilar corações, infectar pensamentos com mentiras e difamações que evoluirão para feridas purulentas. Quantos leprosos de espírito se pode contar dentro de nossas casas? A semente da destruição está se dispersando com uma facilidade assustadora. E contra esse mal, pouco temos nos preocupado em nos defender.

É meus queridos, estamos em perigo mesmo. Livra-nos, Senhor!


Jorgeana Jorge

domingo, 15 de junho de 2014

Dia de Faxina


Hoje resolvi que era dia de faxina. Não é todo dia que acordamos com essa disposição, por isso logo me levantei. Andei pelos cômodos da casa em busca de qualquer coisa que se enquadrasse na categoria de tralha. O trabalho ia ser árduo. Minha mãe que o diga.

Só que sem pretensão nenhuma passei de frente ao espelho e parei quando vi meu reflexo nele. Naquele instante tive a certeza por onde deveria começar a faxina geral – por mim mesma.

Resolvi me livrar do sorriso contido. Já estava mais que na hora de gargalhar outra vez. Abrir um gostoso sorriso para as simplicidades da vida.

Resolvi deixar a desconfiança de lado. Quem sabe já não estava em tempo de dar um novo voto de confiança para o marido, para a colega, para o vizinho, enfim, para o próximo que de alguma forma nos decepcionou.

Resolvi que era hora de tirar a maquiagem. Lembrar que havia uma beleza singular em andar de cara limpa. Limpa de inseguranças e complexos. Sem camuflagem, sem photoshop, sem filtro.

Resolvi que era hora de jogar fora as mágoas que carrego no peito e que tornam a minha caminhada tão pesada.

 Resolvi que já estava mais que em tempo de deletar aquelas mensagens irônicas e cheias de sarcasmo que só serviam para alimentar a erva daninha do rancor em meu jardim.

Resolvi que era oportuno me afastar daquelas pessoas que só atrasam a minha vida. Elas nunca têm nada bom a acrescentar, mesmo. São eternas fontes de fel e contendas.

Resolvi que era hora de terminar de vez com aquela relação doentia que em nada se parecia com amor.

Resolvi que era hora de jogar o medo no fundo da lata do lixo e finalmente criar coragem para ir em busca dos meus sonhos engavetados.

Resolvi que era hora de me desfazer de vez da vão expectativa de achar que irei agradar todo mundo. Essa façanha nem mesmo o Mestre dos Mestres conseguiu. Imagine, eu!
                                                                                                                             

                                                                                                                                Jorgeana Jorge

sábado, 14 de junho de 2014

Espiritualidade no Casamento


Como blindar o nosso casamento? O que fazer para ser feliz no casamento? Guia dos dez passos para um casamento feliz. Acredito que alguém já se deparou com títulos como esses por aí. Então será mesmo que existem meios para firmarmos as nossas alianças matrimoniais?

Muitos têm se debruçado sobre esse tema devido ao momento delicado pelo qual a família tem passado. As Escrituras, especialmente, em Efésios 5.18-6.4 abordam sobre a dinâmica dos relacionamentos em família. O apóstolo Paulo traça ali, os preceitos gerais que devem nortear a família cristã, pois mesmo ele não sendo casado, sabia das dificuldades que um casal enfrentaria na sua jornada conjugal.
Um dos mitos que necessitam ser superados é a ideia de que ser um casal cristão autêntico significa estar isento de passar por dificuldades. Essa declaração está longe do que explana as Escrituras. Votos, rituais, correntes de oração sugeridos por algumas denominações não irão garantir a tranquilidade em nossos lares.

Nada disso deve substituir a prática de uma vida piedosa pautada nos ensinos sagrados. Devemos dar bons exemplos diários na vida de nosso cônjuge e de nossos filhos. Eles devem ver através de nosso testemunho, o reflexo do Cristo que pregamos.

Ser cristão verdadeiro não é fácil. E pode até trazer ainda mais conturbações para dentro dos lares porque o padrão bíblico para o relacionamento entre o marido e a mulher é muito mais elevado do que imaginamos. E, infelizmente, muitos casais não estão dispostos a se sacrificar em prol de construir famílias sadias. Uns acabam por optar pelo divórcio, pois acham o caminho mais fácil. Outros pensam que o simples fato de irem ao Templo e participarem dos cultos, garantirá que a sua família terá um final feliz.

Muito esforço, particular e coletivo, precisa ser empreendido para garantir o sucesso no casamento. Todos devem ter bem compreendido qual o seu papel no plano de Deus para a família. Na carta de Paulo aos Efésios podemos entender bem qual é a orientação Dele. O casamento vai muito além da legalização da atração física entre um casal. O lar deve ser um espaço onde o Espírito Santo deve habitar plenamente.

E como vamos conseguir isso? Como nossos lares poderão ser cheios do Espírito Santo? A resposta vem nos versículos seguintes (Ef 5.18-6.9) onde o apóstolo pontua: “animem uns aos outros com salmos, hinos e canções espirituais [...]. Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, agradeçam sempre todas as coisas a Deus, o Pai. Sejam obedientes uns aos outros, pelo respeito que têm por Cristo”. E nos versículos seguintes ele discursa sobre a “sujeição” no casamento, na família e na sociedade.

Entendemos com isso que nossa vida espiritual afeta diretamente os nossos relacionamentos sejam eles dentro ou fora de nossas casas. Devemos ter um coração disposto a obedecer, a sujeitar-se. Essa não é uma ordem nada fácil de ser cumprida, principalmente, para nós que colocamos o nosso “eu” no altar ao invés de Cristo. Jesus já nos orientou a respeito disso. É na dureza do coração do homem que reside à infelicidade nos lares (Mt 19.8).

Precisamos nos despojar de nossas paixões infames e permitir que o Espírito Santo encha nossas vidas. Sejam sal e luz dentro do seu casamento. Tenha uma vida controlada pelo Espírito. Um cristão transformado pela Palavra de Deus é de fácil convívio e um verdadeiro bálsamo no lar.

Façam da sua aliança com o seu cônjuge um reflexo do relacionamento de Cristo com sua Noiva. No dia que compreendermos a seriedade dessa analogia, teremos casamentos bem diferentes.
                                                                                                                                                                                          Jorgeana Jorge