Tem dias que a gente acorda com o coração mole. O meu já
estava em estado pastoso, quase liquefeito. Meu marido logo deu o diagnóstico –
TPM. Passou longe. Mas valeu a tentativa. Os homens, em geral, costumam atribuir
qualquer alteração de humor da mulher a esse coquetel hormonal que somos
presenteadas todos os meses. Até os entendo. Deve ser algum instinto de defesa
que acabaram desenvolvendo com o tempo. Eles entenderam que em dias assim,
melhor mesmo é manter uma distância de segurança.
Muitos são os motivos que podem amortecer ou nocautear os
nossos corações. A chegada inesperada daquele parente tão querido que não
víamos há anos ou a partida eterna dele. Quando o grande amor de nossas vidas,
finalmente, cria coragem para se declarar ou nos liberta para seguirmos noutro
caminho.
O nascimento do nosso primeiro filho ou o dia da sua formatura
depois de tantas lutas enfrentadas. O diagnóstico de uma doença letal ou a notícia
que essa seria a última sessão de quimioterapia. O dia da resolução de que
faríamos aquela tão ousada viagem ao redor do mundo ou, inicialmente, para dentro de nós mesmos.
Pois bem, voltando ao status
quo do meu coração, eis a resposta à questão que não é nenhum mistério. O
meu motivo é gratidão.
Gratidão àqueles que nos acolhem dentro do seu coração e não
nos deixam mais sair. Gratidão àquela amizade despretensiosa que estende a mão
sem esperar nada em troca. Gratidão àqueles que sonham os nossos sonhos e nos
ajudam a realizá-los. Gratidão àqueles que nos feriram ou foram traiçoeiros,
pois nos ajudaram a aumentar a nossa fé, esperança e perseverança. Hoje somos mais
fortes e corajosos graças à ajuda deles.
Gratidão àqueles que continuaram ao
nosso lado mesmo na distância. Que entenderam que a quilometragem não impede
dois corações de baterem juntos. Gratidão àqueles que mesmo sem ser família se
fizeram família. O sangue do Cordeiro nos uniu.
Como é bom acordar assim. Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações
Ef 1.16.
Jorgeana Jorge