Hoje resolvi que era dia de faxina. Não é todo dia que
acordamos com essa disposição, por isso logo me levantei. Andei pelos cômodos
da casa em busca de qualquer coisa que se enquadrasse na categoria de tralha. O
trabalho ia ser árduo. Minha mãe que o diga.
Só que sem pretensão nenhuma passei de frente ao espelho e
parei quando vi meu reflexo nele. Naquele instante tive a certeza por onde
deveria começar a faxina geral – por mim mesma.
Resolvi me livrar do sorriso contido. Já estava mais que na
hora de gargalhar outra vez. Abrir um gostoso sorriso para as simplicidades da
vida.
Resolvi deixar a desconfiança de lado. Quem sabe já não
estava em tempo de dar um novo voto de confiança para o marido, para a colega,
para o vizinho, enfim, para o próximo que de alguma forma nos decepcionou.
Resolvi que era hora de tirar a maquiagem. Lembrar que havia
uma beleza singular em andar de cara limpa. Limpa de inseguranças e complexos. Sem
camuflagem, sem photoshop, sem
filtro.
Resolvi que era hora de jogar fora as mágoas que carrego no
peito e que tornam a minha caminhada tão pesada.
Resolvi que já estava
mais que em tempo de deletar aquelas mensagens irônicas e cheias de sarcasmo
que só serviam para alimentar a erva daninha do rancor em meu jardim.
Resolvi que era oportuno me afastar daquelas pessoas que só
atrasam a minha vida. Elas nunca têm nada bom a acrescentar, mesmo. São eternas
fontes de fel e contendas.
Resolvi que era hora de terminar de vez com aquela relação
doentia que em nada se parecia com amor.
Resolvi que era hora de jogar o medo no fundo da lata do
lixo e finalmente criar coragem para ir em busca dos meus sonhos engavetados.
Resolvi que era hora de me desfazer de vez da vão expectativa
de achar que irei agradar todo mundo. Essa façanha nem mesmo o Mestre dos
Mestres conseguiu. Imagine, eu!
Jorgeana Jorge
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