A oração dominical ensinada por Jesus em Mateus capítulo 6 é
clássica. Não importa se você tem algum tipo de religião ou não, certamente já
ouviu falar dela. O Mestre discorre em apenas seis versículos os pontos-chave
que devem conter em nossas preces. Ele nos alerta que elas não precisam ser
longas ou repetitivas. Embora Ele saiba o que iremos dizer antes mesmo da
palavra nos chegar à boca, o Senhor não abre mão de se relacionar com seu povo.
O Pai reforçou isso quando batizou seu filho de Emanuel – o Deus conosco.
Essa oração pode ser dividida em dois blocos. O primeiro
refere-se à glória devida ao Pai Celeste, e a segunda parte foca nas
necessidades inerentes aos seres humanos. Não pretendo me estender em cima de
todo o texto, embora o tema seja bem propício para uma proveitosa discussão. Foi
no final da oração que meus olhos repousaram mais longamente. Mas livrai-nos do mal. Exatamente aqui.
Nos tempos violentos em que vivemos, elencar o que nos faz
mal é tarefa fácil. Tanta coisa nos assola, aterroriza que poderíamos preencher
rapidinho, uma folha em branco.
Esse pavor coletivo explica o motivo das fileiras de nossos
muros estarem cada dia, mais altas. Cercas elétricas, cachorros bravos, vigias,
alarmes, toda essa parafernália tenta nos passar a sensação de segurança que
tanto ansiamos.
O bem da verdade é que estamos nos isolando em pequenas
ilhas. Às vezes, desconhecemos até o nome de nossos vizinhos! Se ele tiver zapzap, até vai. Mas bater um papinho
prosaico na calçada é brincar demais com a sorte. Vai que passa dois moleques
numa moto, e com uma arma em punho um grita: É um assalto! Deus nos livre desse
mal.
Nossas casas estão se
tornando mini-prisões. Somos os encarcerados nesta história. Tudo isso na tentativa
de proteger o nosso maior tesouro – nossa família. Quem não aplaudiria uma
atitude dessas?
Só que existe um perigo invisível que tem passagem livre
para dentro de nossos lares e é até mais letal que o mais perverso assassino
que você possa se lembrar - a nossa
natureza.
Ela tem passe garantida para adentrar em todos os cômodos.
Entra e sai quando bem entende. A mais atrevida entra sem pedir licença mesmo.
Nem quer saber se está sendo inconveniente ou não.
Em resumo, somos perigosíssimos. Carregamos armas que não
podem ser detectadas pelos sensores elétricos mais sofisticados. Alguns até se
orgulham de terem esse arsenal à mão. Atiradores de elite. Outros, simplesmente,
nem se apercebem como sendo exímios exterminadores, no entanto matam do mesmo
jeito.
Levamos em nossos coldres, artilharia capaz de prostrar
sonhos, destruir amizades, afundar casamentos, ferir almas, mutilar corações,
infectar pensamentos com mentiras e difamações que evoluirão para feridas
purulentas. Quantos leprosos de espírito se pode contar dentro de nossas casas?
A semente da destruição está se dispersando com uma facilidade assustadora. E
contra esse mal, pouco temos nos preocupado em nos defender.
É meus queridos, estamos em perigo mesmo. Livra-nos, Senhor!
Jorgeana Jorge
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